Bolsonaro ao lado de homens cm avental da maçonaria e uma bandeira da loja Grande Oriente

Como fabricar um fascista (em nome de Deus)

Hoje os evangélicos descobriram que Bolsonaro frequenta lojas/templos da maçonaria. A pergunta que eu me faço é, como não descobriram isso quatro anos atrás, quando ele começou a campanha a presidente, e visitava a maçonaria semana sim, semana também?

Gen. Mourão, vice de Bolsonaro, é maçom e se elegeu senador pelo RS com voto evangélico. Em, literalmente, todos os jornais do Brasil tem imagens dele com avental de maçom. Carla Zambelli, uma de suas apoiadoras de primeira hora, se casou em um templo maçônico e teve Sérgio Moro, ex-juiz ladrão, ex-ministro de Bolsonaro, como padrinho. Isso não devia espantar ninguém, pelo simples fato que Bolsonaro é um ex-oficial de exército, expulso em desonra, depois de planejar atentatos terroristas. O oficialato do exército brasileiro sempre esteve cheio de maçons. Marechais Deodoro e Floriano, primeiros presidentes do Brasil, eram maçons. “Milico é maçon ao contrário”, digo de vez em quando como brincadeira. Então, quando, literalmente, todos os jornais do Brasil publicaram fotos do Bolsonaro visitando lojas maçônicas, sorridente ao lado de maçons, eu não tive o menor vestígio de surpresa.

  • Zambelli de vestido de noiva e seu esposo de farda branca em primeiro plano. Ao fundo um balcão com 3 homens e atrás dele o triangulo com o olho da maçonaria.
  • Mourão com avental da maçonaria ao lado de outros homens brancos de aventais e colares
  • Bolsonaro ao lado de homens cm avental da maçonaria e uma bandeira da loja Grande Oriente

Se são tantos os motivos para saber que Bolsonaro está cercado de maçons, provavelmente desde que era um cadete na Agulhas Negras, como uma parcela tão grande de brasileiros descobriu isso hoje, quatro de outubro do ano de nosso senhor Jesus Cristo de 2022? É preciso que essas pessoas sejam mais que desinformadas. Para uma parcela enorme da população ignorar completamente um fato que é público e notório é preciso controlar os meios de comunicação, para impedir que eles noticiem o que é público e notório. É preciso censura. E não faz sentido falar de censura quando, como dito, isso foi publicado em, literalmente, todos os jornais do Brasil. Então, estamos diante de um fenômeno mais interessante. Vamos chamar de “segregação informacional”.

Igrejas evangélicas costumam ter canais de TV, jornais, e recomendar que seus fiéis acessem informações apenas destas fontes. O objetivo é evitar ser contaminado por um mundo de pecado, evitar a tentação é um passo anterior a pedir para Deus “não nos deixei cair em tentação”. Se essa parcela da população voluntariamente seleciona suas fontes de informação, para fazer ela ignorar algo não é preciso censurar toda a imprensa, apenas essa mídia evangélica. E sim, no momento em que escrevo a página inicial do portal R7, da Igreja Universal não tem nenhuma menção à polêmica do dia, ao contrário da Folha, por exemplo.

E, pode me chamar de teórico da conspiração, mas isso exige consciência. Quem comanda estes meios de comunicação evangélicos decidiu, conscientemente esconder do público evangélico, informações que desabonem Bolsonaro. Estes meios de comunicação decidiram que não são jornais, mas panfletos políticos defendendo um candidato.

Para fabricar um fascista que defenda o indefensável é preciso fazer ele acreditar em muitas mentiras. Editar a realidade em que ele vive através de muita propaganda. A atitude evangélica de evitar a imprensa laica os deixou vulneráveis à má fé de seus dirigentes que esconderam deles o que “todos sabem”. Que Bolsonaro é rodeado de maçons, que seu governo foi uma catśtrofe, que ele é o assassino de pelo menos 400.000 pessoas que não precisavam ter morrido na pandemia, que é corrupto até os ossos. Esses sacerdotes que são donos de meios de comunicação incentivam seus fiéis a consumirem apenas estes meios de comunicação e os usam para ganhos financeiros e políticos, espalhando pânico moral e mentindo para seus féis. Essa edição da realidade através da mídia que as igrejas fazem tem feito com que, cada dia mais, seja difícil diferenciar um evangélico de um fascista. E é impossível que isso seja obra do acaso. Estamos diante de um caso de má fé clara.

Precisamos urgentemente e uma regulação da mídia e, provavelmente, a parte mais importante dessa regulação seja impedir a simbiose entre religião e mídia.

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