Temer já causou grandes atrasos ao país, é incapaz de resolver a crise econômica e diariamente planeja retirar direitos dos brasileiros. É tanta desgraça que a gente se pega refletindo como ele consegue se manter no poder, não por admiração, mas pelo desejo de descobrir a fórmula para por fim a esse desgoverno.
Infelizmente, a reflexão nos obriga a admitir que ele não se mantém no poder apesar de desgraçar nossa vida, mas exatamente porque faz isso.
Costumamos ver nos jornais que Temer é protegido por uma casta política, e que por isso não cai. Que esses políticos corruptos o mantém para se proteger de investigações que podem ameaçar seu poder. O erro dessa visão é exatamente a parte da casta política. Ela presume que os políticos sejam uma classe bastante separada da sociedade em geral, que tem laços de fidelidade principalmente entre si. Mas na verdade os políticos não surgem do vácuo e tem relações só com outros políticos, ou são, desde crianças, educados para ocupar o estado. Políticos nascem dentro da sociedade.
É importante lembrarmos disso, que os deputados e senadores que votaram para colocar Temer no poder, no Golpe contra Dilma, que votaram para o manter no poder na votação para que fosse investigado, que aprovaram medidas que prejudicam todo o povo trabalhador brasileiro, que essas pessoas não podem ser pensadas como uma classe política sem contato com o resto da sociedade.
A cada quatro anos, desde 1990 o Diap, Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, publica uma radiografia do novo congresso eleito e essas radiografias tem sido claras em apontar que o que costumamos chamar de políticos são principalmente empresários, seja do agro negócio, seja da indústria ou do setor de serviços.
Assim, fica fácil entender por exemplo a participação da Fiesp no golpe, ou os inúmeros esquemas de propinas envolvendo políticos e empresas. A distorção que é falar de uma classe política esconde que os políticos são principalmente, parte da grande burguesia nacional, que a corrupção é um arranjo entre pessoas da mesma classe, que essa solidariedade que achamos haver entre os políticos se estende a seus colegas capitalistas.
Assim, fica claro que o golpe não pode ser visto como algo separado da agenda de retirada dos direitos dos trabalhadores, de destruição dos serviços públicos, de retrocesso para o povo brasileiro. O golpe ocorre como uma solução dessa classe empresarial para manter seus privilégios quando se sente ameaçada pela tímida ascensão da classe trabalhadora e pela insistência de Dilma no desenvolvimento nacional.
Temer é sustentado por um grupo muito pequeno de pessoas, mas são pessoas que possuem tanto poder, através de canais de TV, grandes empresas, fortunas, amigos e parentes no judiciário, etc. que garantem a sobre vida deste governo se ele se comprometer com a política de fazer com que o país volte décadas no tempo.
Estes grandes empresários rejeitam o plano que Dilma e PT tentavam executar, de transformar o Brasil de uma economia de exportação de produtos primários, de commodities, para um país desenvolvido. As mudanças que feitas por Temer são todas no sentido de fazer o país voltar a ser mais fortemente agrário-exportador. Reduzir salários, direitos e outros custos do trabalho como fez nos afasta de um país desenvolvido, de classe média, com mercado interno forte, para beneficiar o agronegócio.
Temer não cai, porque é fiel aos objetivos de quem o colocou no poder.